Os viticultores, especialmente em França, são conhecidos por plantar roseiras no final de cada linha de vinhas. As rosas são muito sensíveis a doenças e podem alertar aos viticultores de que algo pode estar errado na vinha.
A Quinta dos Vales no Algarve tem uma abordagem diferente, denominada “walk the line”, uma analogia derivada do termo português “linhas”, as linhas das vinhas.
Karl Heinz Stock, fundador e diretor-geral da Quinta dos Vales no Algarve, orgulha-se dos seus vinhos terem sido nomeados 8 vezes, nos últimos anos, como os Melhores Vinhos da Região do Algarve. Contudo, mencionou que este facto não significa necessariamente que ele e a sua equipa sejam os mais talentosos produtores de vinho da região. O que ele considera muito mais importante é que a sua equipa vitivinícola é apoiada por outras atividades empresariais na propriedade, nomeadamente o turismo e os eventos. Sem este financiamento adicional, diz ele, não seria possível investir tanto cuidado nas vinhas, o que é, na sua opinião, a razão do seu sucesso.
“Pode-se produzir um vinho médio a partir de uvas excelentes, mas nunca se conseguirá fazer um excelente vinho com uvas más”, diz ele, “a não ser, claro, se o fizer de forma industrial e trabalhar o vinho na adega com leveduras ou aromas artificiais”. Mas, assumindo que a maioria dos viticultores algarvios estão a produzir os seus vinhos da forma tradicional, o investimento em mão-de-obra nas vinhas é, por fim, o que ele vê como a chave do sucesso.
A Quinta dos Vales não é uma adega biológica, mas tenta encontrar o equilíbrio entre as formas puramente orgânicas e as formas tradicionais de trabalhar as uvas na vinha. A prevenção é o termo-chave para o qual os trabalhadores de campo foram treinados para se concentrarem.
Assim que as vinhas ficam ativas, despertando da sua dormência de Inverno, veremos de manhã cedo o mais velho e experiente dos trabalhadores de campo da Quinta, Sr. Manuel, a caminhar ao longo de cada fileira de vinhas (a linha). Quase todas as manhãs ele está lá fora, inspecionando as vinhas individualmente.
Dar tanta atenção às plantas pode parecer excessivo, mas sejamos realistas, as vinhas são plantas sensíveis, atrativas para fungos, parasitas, insetos ou doenças. Se o ataque for detetado precocemente, pode ser suficiente utilizar medidas preventivas adequadas para manter tudo sob controlo. A taxa de reprodução de tais atacantes muitas vezes é altamente progressiva, o que significa que a falta de cuidados durante alguns dias pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Como consequência, esperar demasiado tempo pode exigir enormes quantidades de químicos, o que definitivamente não é o que queremos ver nas nossas vinhas.
É por isso que o Sr. Manuel ou um dos seus “estagiários”, que nunca se chamariam a si próprios enólogos, são tão cruciais para o sucesso dos vinhos como qualquer outra pessoa da equipa. Se ele não se certificar de que as uvas que chegam à adega não estão contaminadas, então é impossível produzir um excelente vinho.
O seu trabalho é ainda mais importante desde que a Quinta dos Vales lançou The Winemaker Experience, através da qual os enólogos privados são encorajados a produzir o seu próprio vinho nas suas próprias vinhas dentro da propriedade. Neste momento, a equipa da adega está a assistir na operação de 19 parcelas de vinhas geridas por e propriedade de viticultores privados.
Alguns dos viticultores já produziram várias colheitas como parte do projeto, contudo, a maioria juntou-se à equipa de viticultores durante 2021. O número de vinhas exploradas por privados aumentou de 7 em 2020 para 19 em 2021, sendo um sucesso que superou todas as expetativas e, ainda mais impressionante, considerando que ocorreu durante a pandemia, o que impediu a maioria dos interessados de vir ao Algarve.
Alguns dos viticultores privados participam no trabalho de campo e na adega quase todas as semanas, enquanto outros vêm, durante o período mais movimentado entre Julho e Outubro, até 3 vezes a Portugal para ver como as suas vinhas e vinhos estão a evoluir. Uma das mais ativas é Heidi, proprietária de uma parcela de vinha de Touriga Franca e de uma outra de Touriga Nacional. Ela produz agora os vinhos números 7 e 8, um tinto e um rosé, e envolve-se na produção sempre que o seu negócio na Suíça o permite.
Isto demonstra porque é que os verdadeiros viticultores enfatizam continuamente a importância da viticultura – o elemento da atividade vitivinícola que tem lugar no campo. Um vinho verdadeiramente especial é feito no campo, e isto só pode ser conseguido através de um acompanhamento e adaptação constantes à natureza. É por isso que o Sr. Manuel da Quinta dos Vales é conhecido como a nossa rosa, e todos os envolvidos apreciam o seu valor por continuar a “andar na linha”.
Para mais informações contactar twe@quintadosvales.pt
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